O ano de 2024 pode ser um dos mais difíceis para a indústria dos videogames. Segundo analistas, o mercado está enfrentando uma crise semelhante à que ocorreu em 1983, quando o excesso de oferta, a baixa qualidade e a concorrência acirrada levaram a uma queda drástica nas vendas e no interesse dos consumidores. Naquela época, a Nintendo foi a empresa que conseguiu reverter a situação, lançando o console NES e jogos inovadores como Super Mario Bros. e The Legend of Zelda, que criaram novos padrões de qualidade e diversão.
Hoje, a Nintendo parece ser novamente a única empresa que está resistindo à crise, enquanto as suas principais concorrentes, como Sony, Microsoft e outras, estão sofrendo com os altos custos de produção, a saturação do mercado e a insatisfação dos jogadores. Segundo relatórios, essas empresas estão demitindo vários funcionários, cancelando projetos e reduzindo os investimentos em novos jogos. A Sony, por exemplo, fechou o seu estúdio no Japão, responsável por jogos como Gravity Rush e Knac, além disso demitiu 900 funcionários recentemente e fechou o estúdio Playstation London. A Microsoft, por sua vez, admitiu que o seu lucro atual sobre vendas de Xbox não é tão alto, o que ajuda a empresa é o Game Pass, fora as 1900 pessoas demitidas após a aquisição da Activision Blizzard ser finalizada. E outras empresas, como Activision, EA e Ubisoft, estão sendo criticadas por lançarem jogos incompletos, cheios de bugs e microtransações abusivas.
A Nintendo, por outro lado, está conseguindo manter o seu lucro e a sua popularidade, graças à sua estratégia de focar em jogos de menor escopo, mas de maior qualidade, que exploram a criatividade e a diversidade. O seu console Switch, lançado em 2017, é um sucesso de vendas, com mais de 139 milhões de unidades vendidas em todo o mundo. O seu catálogo de jogos é variado e atraente, com títulos como Animal Crossing: New Horizons, The Legend of Zelda: Tears of The Kingdom Wild, Super Smash Bros. Ultimate e Mario Kart 8 Deluxe, que são aclamados pela crítica e pelo público. A Nintendo também está apoiando os desenvolvedores independentes, oferecendo uma plataforma acessível e flexível para os seus jogos, como Celeste, Hollow Knight, Stardew Valley e Untitled Goose Game e outros.
A Nintendo parece ter aprendido com a sua própria história, e está sabendo gastar menos para produzir mais. A empresa não se preocupa em competir com as outras em termos de gráficos, potência ou online, mas sim em oferecer experiências únicas, divertidas e memoráveis. A indústria dos videogames deveria seguir o seu exemplo, e fazer um escopo menor para os jogos, seja em questões gráficas, tamanho dos jogos e os custos. Assim, poderia evitar a crise que se aproxima, e garantir a sua sobrevivência e o seu crescimento. A Nintendo mostrou que é possível, e que é a salvação.
Uma das formas que a indústria dos videogames pode encontrar para enfrentar a crise é se inspirar nos jogos independentes, ou indies, que são produzidos por pequenos estúdios, ou até mesmo por uma única pessoa. Esses jogos geralmente têm um orçamento baixo, mas uma alta criatividade, e conseguem se destacar pela sua originalidade, arte, música, narrativa ou jogabilidade. Alguns exemplos de jogos indies que fizeram sucesso são Braid, Limbo, Journey, Fez, Shovel Knight, Cuphead, Among Us e Hades.
Os jogos indies mostram que é possível fazer jogos de qualidade sem gastar milhões de dólares, e sem depender de grandes empresas ou de lojas físicas. Eles também mostram que é possível atingir um público amplo e fiel, usando plataformas digitais como Steam, Epic Games Store, itch.io, Humble Bundle e outras. Além disso, eles mostram que é possível inovar e surpreender os jogadores, oferecendo experiências diferentes e únicas, que fogem dos clichês e das fórmulas repetitivas.
No lado do Playstation ainda tem o fato de que no ano de 2024 não irá ser lançado nenhum novo jogo dos estúdios da Sony, somente parcerias, o que pode parecer algo bobo, mas levanta a especulação que as coisas não estejam tão fáceis assim para a indústria dos games, mas a própria Playstation parece estar um pouco mais grave.
A indústria dos videogames pode aprender com os jogos indies, e tentar diminuir o custo na produção dos games, sem comprometer a qualidade. Para isso, é preciso repensar o escopo dos jogos, e focar no que realmente importa: a diversão. Não é preciso fazer jogos gigantescos, com gráficos realistas, com centenas de horas de conteúdo, com modos online complexos, com atualizações constantes, com DLCs caros e com microtransações abusivas. É preciso fazer jogos que sejam simples, mas bem feitos, que sejam bonitos, mas não exagerados, que sejam longos, mas não cansativos, que sejam online, mas não dependentes, que sejam atualizados, mas não incompletos, que sejam extras, mas não obrigatórios, que sejam pagos, mas não exploradores.
A indústria dos videogames precisa se adaptar aos novos tempos, e aos novos desafios. A crise de 2024 pode ser uma oportunidade para mudar, para melhorar, para crescer. A Nintendo já mostrou o caminho, e os jogos indies também. Agora, cabe às outras empresas seguirem o exemplo, ou ficarem para trás. A escolha é delas. E a consequência, também.